sábado, 5 de novembro de 2011

Gorjeio

A jovem distraída anda pela alameda
Alameda ladeada por arbustos sem graça
Vida, cinza vida outonal!


Ouve distante um gorjeio
Gorjeio suave, porém alvissareiro!


A jovem distraída anda pela alameda
Prevê a alameda ladeada por arbustos floridos
Vida, colorada vida primaveril !

E o gorjeio prossegue
Mais próximo , mais forte!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

É isso ai pessoas - raras pessoas - que sabem da existência desse blog e visitam vez por outra, estou de volta! Sob nova direção de mim mesma, vou postar sempre por aqui alguns devaneios, impressões... palavras ordenadas e pretensiosas que tentam ser texto, poema e prosa ! =)

Inté...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A bela constatação do novo

A vida é repleta de novas oportunidades.Sempre aparecerão num inconstante, porém inesgotável, ciclo! Na rotatividade da vida sempre haverá novos tempos, novos olhares,novos amores, novos começos. O sabor do que ainda está por vir sempre será sentido, ora mais claramente, ora obscurecido pelos ácidos das desilusões...contudo, sempre haverá. Será sempre uma dádiva , toda nova e interessante oportunidade que surge. A chance de sentir e viver de forma diversa, profusa e de novo é excepcionalmente animadora. A leveza do sentir algo que não é novo , porém por algo novo, é fabuloso. Nada é mais instigante e motivador do que a possibilidade do novo...da nova oportunidade...do novo começo...do novo tempo. E viva o que ainda não é, mas será o inesperado e gratificante novo!

sábado, 30 de julho de 2011

A alma, a palavra e o algodão doce

Tinha os cabelos grisalhos, olhos negros, era alto, esguio, e conservava ainda certo charme. Andava lentamente,mãos no bolso, observando cada umbral das fachadas antigas da Rua da Aurora. Depois atravessou a rua ,sentou-se em um dos bancos que ladeiam os rios que cortam a cidade, emoldurados por calçadões. Sentou-se e parecia envolvido por uma sinfonia, tão absorto estava em suas contemplações. Observava agora  os poucos transeuntes, e os raros automóveis, que passavam pela avenida naquela dominical manhã recifense. Depois de alguns instantes, retirou do bolso uma caderneta e um lápis grafite – pois é, ainda existem os que usam a preciosa dupla papel e lápis em plena era do Ipod, Iphone, e tantos outros “ais”. Retirou-os do bolso mas não escreveu nada por um bom tempo, continuava na sua observação, como que procurando algo, e o que procurava? Certamente, aquilo que busca, e encontra, a alma do poeta: o belo... a essência bela que ele crê que haja em tudo ,o que há de belo aprisionado em toda e qualquer circunstância, esperando para ser liberto pelas palavras dele... liberta o belo contido até no fato de que “havia uma pedra no meio do caminho.” E o nosso poeta continuava, como um pescador, à postos, alfarrábio na mão, aguardando uma idéia ser fisgada, ou antes fisgá-lo.
Atravessava a rua uma mulher negra, de uns 25 anos, segurando a mão de uma menina, de uns 3 anos, ambas com roupas simples, cabelos crespos, e trançados. O poeta então foi capturado por esta cena, e acompanhava-a atentamente. Um homem vendia algodão doce parado no inicio de uma ponte próxima, a criança olhou para o homem e volveu um olhar “pidão” para a mãe que, entendendo a mensagem silenciosa da pequenina, chamou o vendedor e comprou um daqueles saquinhos inflados, recheado com o róseo algodão doce. A criança abriu rapidamente o saquinho, e parecia provar um manjar turco, tamanha a sua satisfação ao sentir o solver do doce na sua língua. O doce do algodão doce era a sensação que a alma da pequenina precisava naquele momento, e aquela cena era o que a alma do poeta buscava. O poeta sorri, a criança sorri...sorriem não um para o outro, mas ambos para si mesmos,para suas almas momentaneamente saciadas. A mãe e a criança ficam na parada do ônibus, esperam alguns instantes, e a criança mergulhada no seu doce é então conduzida pela mãe para entrar no ônibus que pára, e o poeta absorvido pelo seu dom brinca com as palavras, constrói  com elas a poesia da cena, e nem percebe quando a mãe, a menina e o algodão doce se vão. Ele fica a libertar o belo, e a alimentar a alma com o doce encanto das palavras. Outro ônibus passa, não pára. O poeta continua.

Rebecka Rabêlo,
Recife, 28/03/2011.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

...


Há  na dor certo encanto
Certo entorpecimento no sangrar
Há o calar a plenos pulmões, o grito
Há no horizonte  cegueira

Há o peso insuportável  do etéreo
O tilintar surdo de mortas sensações
O pulsar inerte de rotas esperanças
Há a fatigante e ilusória espera do porvir

Há o alienante aguardo do pleno agora
Há o ritmo que marca a existência
O tic-tac sem sentido do relógio
O maestro excêntrico do Tempo
 
E houve, há e haverá o que já não sou
Sendo na inconstância e incompletude
O que O Incognoscível me permite ser
...

(Texto: Rebecka Rabêlo)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Furto...


O olhar rápido denunciava o espírito perspicaz
Era ladrão por paixão
Paixão pela aventura e pela iminente desventura
Ladrão de paixões , de olhares, de encantos
O fascínio do controvertido andante
O charme do incerto, do futuro imprevisto
E tentava a todo custo executar o grande furto,
Roubar da vida um pouco da tão perseguida felicidade
Tentou de mil modos consegui-la, de mil jardins roubá-la
Imaginou tê-la quando roubasse os olhares
Quando raptasse corações
Doce engano o seu
Na ânsia de furtá-la acabou por ferir os pés
Marcou as mãos, arranhou a face
Foi então que já velho em um ultimo furto conseguiu um espelho d’alma
E ao enxergar-se através deste espelho percebeu que a gema que perseguia
Sempre estivera ali mesmo num velho pingente que trazia consigo
Pendurado numa delicada corrente, a corrente do encanto de viver!

Texto:Rebecka Rabêlo

terça-feira, 22 de junho de 2010

Paradoxando

No olhar distante a proximidade
No sorriso aberto a lágrima furtiva
Na dança lépida o passo trôpego...

Na multidão de palavras o silêncio d’alma
No desencontro o maior dos abraços
No enxergar claramente a profunda cegueira...

Na amargura a doce tristeza
No murmúrio abafado o grito lancinante
No pulso vibrante a morbidez do existir...

Nos maiores paradoxos as grandes respostas...



Texto: Rebecka Rabêlo